terça-feira, 10 de maio de 2016

No comboio

Tem alturas que nada sonha enquanto dorme, mas também tem outras que são sonhos e sonhos seguidos durante várias noites.
Tudo isto tem uma explicação cientifica de assim ser, e na cabecinha dela também tem, mas não adianta nada entrar agora aqui em pormenores, para vos explicar o porquê de sonhar aquilo e muito menos naquele local. Vou passar à parte mais interessante, o sonho em si.

O encontro dera-se num apeadeiro já fora de serviço, onde existia um velho comboio abandonado.
Cada um chegou lá no seu próprio carro e a intenção dele seria provocá-la ao máximo dentro do seu carro, ao ponto de a deixar em brasa, como tantas vezes imaginara quando estava sozinho ou na conversa com ela.
Ela, por sua vez também levava como objetivo provocá-lo, mas fora do carro. Com o passar dos anos apercebera-se que ter sexo num carro já não era tão confortável como em tempos passados.
Conversa puxa conversa e olhares humedecidos, predestinava o que estava prestes a acontecer.
E um beijo quase roubado por um deles, foi o acender da chama, naquela enorme fogueira que ainda tinha muito que arder.
A conversa foi desaparecendo aos poucos e o envolvimento entre corpos começou a acontecer.
Ele queria, ela também, tanto ou mais que ele até.
As roupas começaram a incomodar e os vidros ficaram baços num instante, devido ao calor que se emanava dos corpos e das respirações ofegantes.

"-Não, aqui não, vamos lá para fora!" - dizia-lhe ela.
"-Lá fora, tens a certeza? E se alguém aparece?"- perguntava-lhe ele.
"-Achas que vai aparecer aqui alguém? Neste local abandonado? Só se for pelo mesmo motivo que o nosso." - argumentava ela, na esperança que ele aceitasse.
"- Ok, eu faço-te a vontade, mas sentiria-me mais seguro aqui dentro, por motivos que tu tão bem conheces." 
"- Deixa-te de merdas, esquece tudo e todos e faz de conta que este mundo é só nosso e hoje é o último dia que temos para o viver." - continuava ela.

Saíram do carro, já desabotoados e meio desfraldados, à procura do local ideal para foderem.
A ela passou-lhe pela mente ser possuída ali mesmo no capôt do carro em plena luz do dia. Ele idealizava sentar-se no banco da paragem onde já tanta gente no passado se sentara à espera do comboio.
Partilharam essas ideias, mas nem uma, nem outra lhes agradou. 
Raios parta ser tão esquisito até na hora de foder...

Até que, ela olhando lá ao fundo o comboio meio descarrilado, lhe diz:
"-Já sei, vamos dar uma voltinha no comboio!"
Ele não conteve o sorriso e até cantarolou algo de um cantor brejeiro português '(a)pita (n)o comboio', e ambos brincaram com a situação.
Ela sentia-o com receio, talvez por o comboio já estar ali há muito tempo, velho e inclinado, mas a ela nada lhe metia medo, queria ir para dentro dele e por sua vez ele vir-se para dentro dela.
Assim o fizeram, era de todo estranho entrar num comboio sem ninguém, abandonado pelo tempo, com vidros partidos com bancos rotos e pintados com grafitis ao mesmo tempo que se observavam outros, que até não tinham assim tão mau aspecto.
Mas, o que os levara ali não foi apreciar a degradação do meio de transporte, mas sim uma bela foda.
Enquanto ele a ajudou a tirar a roupa toda, ela colocava-se a jeito, para poder apreciar a...paisagem...ou a foda, como queiram!!

Pegou-lhe nas ancas e entrou dentro dela com tal brutalidade que foi impossível ela não soltar um gemido.
"-Aahhhhhahh..."
"- Esta é por todas as vezes que me provocaste e eu não pude fazer nada." - dizia-lhe ele cheio de tesão.

Aquela experiência estava a ser única, algo nunca imaginado por eles, mas que pelas vicissitudes da vida assim o conseguiram fazer.
Era isso que a apaixonava, que a movia, o sentir-se diferente num local diferente e com alguém diferente. Conseguiu-o, e depois de ter atingido o climax e sentir que o seu parceiro também, beijaram-se como forma de satisfação.

"-És tão doida! - dizia-lhe ele.
"- E tu não gostas?" - perguntava-lhe ela.
"-Adoro..."



23 comentários:

  1. "Era isso que a apaixonava, que a movia, o sentir-se diferente num local diferente e com alguém diferente"...de enraivecer aqui o leitor.
    ^.~ Paloma

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  2. O ritmo do "pouca terra" podia perfeitamente acompanhar o "truca truca". Continua partilhando teus belos sonhos. Agredecemos à sua causa:)
    Pensador

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Diz que o movimento do comboio embala mas, neste caso, o embalo foi outro e de outra origem :P

    Bem que me faz falta uma aventura destas.

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    1. ;) E esperas pelo quê para a teres? Falta-te o comboio? :P

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    2. O comboio talvez fosse o mais fácil de arranjar :P

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    3. Então, tens falta de tesão?? :P

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    4. Isso nunca me falta, já a companhia...

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    5. És assim tão feio ou mal "amanhado??? :D

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    6. Eu acho que não, nem assim tão feio e nada mal "amanhado", funciona tudo sem falhas :P

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Gostei...aliás sempre gostei de andar de comboio....com paragens em estações e apeadeiros :)

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  7. E eu que todos os dias ando de comboio,nunca me aconteceu uma surpresa boa como esse teu sonho,hehehehe.
    Os teus "sonhos" são sempre fantasias que não pensava duas vezes em as realizar....conhecesse-te eu ou alguém como tu ;))))

    Beijooo

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    1. O meu subconsciente não pára, é o que é, e nem a dormir me deixa sossegada. Entendes agora porque de manhã me custa sempre tanto a levantar da cama? Tudo tem uma explicação... :P

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