"Folheio devagar as páginas do tempo
onde encontro a primavera
em que no teu corpo mudo, uma flor se abriu
à delicada urgência do orvalho.
Lembro que colhi o mel do teu sorriso,
a luz inicial do teu olhar,
a fragrância dos teus beijos,
a seiva do teu corpo e as palavras
que, como pétalas, brotavam dos teus lábios.
Revejo-as de novo em silêncio,
quando a saudade se põe nua na minha sombra
e me pergunto,
quantas vezes será preciso repeti-las
até que voltem a dissolver-se na nossa boca..."
(Albino Santos)